21 de fevereiro de 2005

Amigos

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Eu relutei muito pra não escrever sobre isso mas ontem, assistindo ao Fantástico, vi aquela reportagem sobre os patrões e a frase dita por uma vítima da hierarquia profissional ficou ecoando na minha cabeça o dia inteiro. A frase é assim: "você não precisa gostar das pessoas com quem trabalha". É verdade. E eu estou sentindo isso na pele.

Meu diretor está viajando a negócios (não, ele não esticou o carnaval...) e a pessoa que ficou responsável age como se a empresa fosse dela. Ela é a secretária de luxo do meu diretor, e que acumula a função de gerente de tráfego de trabalho e gerente financeiro. Simplificando, ela atende telefone, agenda reuniões, passa trabalho e negocia prazos, cuida do dinheiro da empresa. Acho que através dessa pessoa dá pra ter uma idéia do tamanho do escritório no qual eu trabalho.

Na terça-feira passada, fiquei trabalhando até às 23 horas, pois tinha que entregar pronta uma apresentação feita em Flash no dia seguinte. Essa apresentação ficou pronta 12:30... Quer dizer, fiquei sem meia hora de almoço. Até este ponto, nada demais. A fatalidade aconteceu à tarde: depois da correria, eu fiquei sem trabalho. Pra passar o tempo, navegava na internet e escutava música. Às 17:30, fui falar com meu colega de trabalho (la ra la ra la ra - Sílvio Santos... entendeu?) e a pessoa responsável "lembrou" que tinha uma coisa pra eu fazer. Já começa aí: "lembrou" como? O trabalho estava parado há algum tempo sem prazo e, de repente, ela "lembrou" que o cliente havia ligado um pouco antes, cobrando com certa urgência o trabalho. Aí, a pessoa responsável, uma garota que não tem um tantinho assim de semancol, nascida em berço de ouro que gosta de pagode (desculpe-me se você gosta, nada contra...), entrou na empresa através do Q.I. (seguindo aquele método conhecido nosso), "lembra".

Disse brincando que iria começar a fazer amanhã. Existe uma regra no escritório que diz: "coisas urgentes tem 24 horas pra ser entregues". Estava, mesmo brincando, com razão. Ia terminar de navegar na rede e começar o enfadonho trabalho. Ela levantou no mesmo instante em que sentei na cadeira e plantou-se ao meu lado, assim como quem dá a entender "não vou sair do seu lado até ver isso pronto". Claro que ela não ficou calada e perguntou se eu não ia fazer o trabalho imediatamente. Eu, cansado do dia anterior e já sem paciência, disse que ia fazer amanhã e que ainda navegava na internet. Ela insistiu em citar a urgência do trabalho e eu insisti no prazo. Aí ela olhou na minha cara, fazendo um gesto de nojo, disse que eu falava de um jeito estranho.

Então eu estourei. Olha, eu sou uma pessoa pacientíssima, calmo e sensato. Um pouco sem ânimo, de vez em quando, mas isso eu driblo fácil. Pra quem gosta de astrologia, sou do signo de Câncer, ascendente em Sagitário. Mas, aquela hora e depois daquele gesto, eu não pude segurar todos os sapos entalados na minha garganta, acumulados já fazia algum tempo. Não dá pra relatar todos os impropérios ditos por nós dois aquela hora. Não foram palavrões, maneira fácil de ofender, não: foram acusações claras e espinhudas. Ora, se ninguém tem coragem de dizer que ela incomoda a todos com suas atitudes ridicularmente infantis, eu tenho. Eu digo isso no tempo presente pois ela, depois de passar quinta e sexta "pianinha", hoje já dava sinais de desprendimento. Eu continuo na minha humilde posição, calado. No dia seguinte, ela contou tudo ao nosso diretor. Tive que me conter pra não rir quando soube. É claro que eu não levei sabão de ninguém, mas deve ser por isso que ela está de novo se soltando...

Costumo ser calado. Mais ouvir do que falar. Desde o incidente, estou duas vezes mais assim. Mas, mais cedo ou mais tarde, nós vamos nos "trombar" de novo. Nessas horas, acho que me faltam verdadeiros amigos...

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