14 de novembro de 2007

Dois Budas e uma Gueixa

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Ontem não teve artigo de novo. Culpem a minha irmã que anda namorando por MSN e frequentando balada por Orkut. Ninguém merece... Mas vamos ao artigo de hoje: este ano foi bem literário pra mim. Li três livros: “Memórias de uma Gueixa”, “A Casa dos Budas Ditosos” e “De Carona com Buda”. Pra quem não leu nada nos últimos 3 anos, minha tentativa inconsciente de ler mais este ano deu certo.

“Memórias de uma Gueixa” (de Arthur Golden, Editora Imago, 460 páginas) é um romance que conta a história de como a menina Chiyo se transformou na grande gueixa Sayuri e todos os percalços desta transformação. É uma narrativa longa mas muito bela e interessante pra quem quer saber mais sobre esta figura peculiar da cultura nipônica chamada gueixa. O filme baseado no livro chegou ao país debaixo de severas críticas e isso me impulsionou a ler o livro. Sabidamente, adaptações de livros para a tela do cinema costumam ser desastradas mas não foi só isso que me fez comprar o livro.

Por maior que seja o cuidado na produção de qualquer filme, o livro, e especialmente este livro, apresenta uma riqueza ímpar de detalhes. Isso permite deixar a imaginação viajar, recontruindo todos os cenários e situações. E a narrativa é tão boa que o livro, apesar de possuir muitas páginas, não é nada maçante. Vale a pena mergulhar nesse universo tão singular como este.

“A Casa dos Budas Ditosos” (de João Ubaldo Ribeiro, Editora Objetiva, 164 páginas) faz parte da série Sete Pecados e trata da Luxúria. O livro é a compilação do depoimento de uma mulher sexagenária que fala de sua aptidão e experiências sexuais da forma mais natural possível. Com conteúdo erótico, a história é tão impressionante que consegue prender o leitor do começo ao fim. Os casos lembrados por esta mulher não-identificada em sua pseudo-auto-biografia chegam a ser desconexos e confusos, mostrando que a lucidez da senhora não está mais tão clara assim. Talvez seja pelos diversos baratos que ela afirma ter curtido em sua “fase boa”.

O livro parece querer quebrar preconceitos e escancarar de vez fetiches escondidos nas mentes dos mais liberais. Provocante do começo ao fim, engraçado e revelador, “A Casa dos Budas Ditosos” é uma leitura imperdível!

“De Carona com Buda: o Japão de Cabo a Cabo” (de Will Ferguson, Editora Companhia das Letras, 544 páginas) narra as desventuras do autor em uma viagem pelo Japão, acompanhando a floração das cerejeiras que “varre” o Japão de extremo sul ao extremo norte do país. Essa época de floração pára o país e ganha destaque, reportagens e estudos de toda imprensa local, que acompanha diariamente a evolução das flores. Entre olhares espantados e conselhos preocupados de japoneses, o autor vai descobrindo, e comentando à sua maneira ácida, as tradições, costumes e distorções japonesas, sempre de um jeito interessante e engraçado. Will é do tipo do autor que perde a carona mas não perde a piada.

A principal coisa que me fez comprar este livro, da qual eu nunca tinha ouvido falar antes, foi o diálogo que ele apresenta na contra-capa. É mais ou menos assim:
“Para piorar, resolvi viajar de carona. Adotando uma postura heróica, declarei a intenção de me tornar a primeira pessoa a atravessar o Japão de carona, de ponta a ponta, de cabo a cabo, de mar a mar. Isso não impressionou meus amigos tanto quanto eu esperava.
‘Por que você deseja fazer isso?’, perguntaram, genuinamente intrigados. ‘Não há razão para pegar carona. Foi para isso que construímos o Trem Bala.’
Outros se preocuparam com a minha segurança. ‘Mas’, eu argumentava, ‘o Japão não é um país bastante seguro?’
‘Ah, claro. Muito seguro. O mais seguro do mundo.’
‘Então por que eu não deveria pegar carona?’
‘Porque o Japão é perigoso.’
E assim por diante.”

Como evitar o impulso da compra depois de ler ter lido este trecho tão encantador? O livro pulou da prateleira no meu colo e levei-o pra casa. Dos três livros mostrados aqui, este é o único que ainda não acabei de ler. Como o trecho acima, existem vários outros tão ou mais engraçados. O pior é que, apesar de alguns exageros do autor, tudo é completamente verossímil e divertido. Muito bom mesmo.

Espero que eu tenha dispertado sua curiosidade com um destes três títulos. O brasileiro ainda lê pouco e parece que isso não vai mudar tão cedo. Tudo porque a escola apresentou a leitura como obrigação, como uma coisa chata de se fazer. Se não for ler nenhum dos livros que eu li, eleja um tema de sua preferência e vá até a livraria. Com certeza, algum título vai te chamar a atenção e você vai se divertir tanto quanto eu estou me divertindo! (^_^)

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